đ„ 12 curiosidades incrĂveis sobre o filme “Bastardos InglĂłrios” (2009) que vocĂȘ (provavelmente) nĂŁo sabia!

“Bastardos InglĂłrios” (2009), dirigido por Quentin Tarantino, Ă© um dos filmes mais icĂŽnicos da carreira do cineasta, conhecido por sua abordagem irreverente e Ășnica ao cinema. Misturando ficção com fatos histĂłricos, a obra explora a Segunda Guerra Mundial atravĂ©s da visĂŁo de um grupo de soldados judeus americanos que buscam vingança contra os nazistas.
Com diålogos afiados, cenas intensas e uma trama cheia de reviravoltas, o filme se destaca tanto pelo seu estilo visual quanto pela construção de personagens marcantes, como o Coronel Hans Landa, interpretado por Christoph Waltz, que conquistou reconhecimento mundial por sua atuação.
AlĂ©m disso, a trilha sonora e a maneira como Tarantino brinca com a histĂłria causam um impacto profundo, gerando discussĂ”es atĂ© hoje sobre sua mistura de humor negro e violĂȘncia estilizada. Neste artigo, vamos explorar algumas curiosidades e detalhes pouco conhecidos sobre “Bastardos InglĂłrios”, um dos maiores sucessos do cineasta.
1 – QUENTIN TARANTINO QUASE ABANDONOU O PROJETO
O diretor Quentin Tarantino considerou abandonar o projeto enquanto buscava o ator ideal para o papel do coronel Hans Landa, acreditando que a interpretação seria impossĂvel. PorĂ©m, ao ver Christoph Waltz fazer o teste, ele e o produtor Lawrence Bender perceberam que haviam encontrado a escolha perfeita.
Waltz, que fala vĂĄrios idiomas do filme (inglĂȘs, francĂȘs, alemĂŁo e italiano), se tornou um dos seis atores a ganhar um Oscar por interpretar um personagem que falava principalmente em uma lĂngua estrangeira. Os outros sĂŁo Sophia Loren, Robert De Niro, Roberto Benigni, Benicio Del Toro e Marion Cotillard.
2 – MISTURANDO FRANCĂS COM ESPANHOL
Daniel BrĂŒhl, por sua vez, confessou apĂłs o lançamento do filme que nĂŁo era fluente em francĂȘs. Quando Tarantino o pediu para falar o idioma, BrĂŒhl misturou francĂȘs com espanhol, apostando (corretamente) que o diretor nĂŁo perceberia. ApĂłs receber a versĂŁo traduzida do roteiro, o ator foi capaz de aperfeiçoar seu francĂȘs. Ele tambĂ©m dublou suas falas em espanhol.
3 – LEONARDO DICAPRIO COMO UM PERSONAGEM ALEMĂO?
O diretor tambĂ©m considerou Leonardo DiCaprio para o papel de Hans Landa, mas decidiu que o personagem deveria ser interpretado por um ator alemĂŁo. DiCaprio acabou trabalhando com Tarantino em seu filme seguinte, “Django Livre” (2012), e mais tarde dividiu a tela com Brad Pitt em “Era Uma Vez Em… Hollywood” (2019).
4 – ATOR ACEITOU INTERPRETAR UM NAZISTA, MAS COM UMA CONDIĂĂO
O ator Til Schweiger, nascido na Alemanha, sempre se recusou a usar um uniforme nazista em papéis cinematogråficos. Ele só aceitou participar de Bastardos Inglórios sob a condição de que pudesse matar um nazista em cada cena em que vestisse o traje.
5 – VĂRIAS VERSĂES
Na RĂșssia, o filme tem duas versĂ”es distintas: uma voltada para as exibiçÔes gerais, onde todos os diĂĄlogos sĂŁo dublados em russo, exceto as interaçÔes em francĂȘs e italiano. A segunda versĂŁo, chamada “versĂŁo do diretor”, mantĂ©m apenas os diĂĄlogos em inglĂȘs dublados, com os outros idiomas sendo legendados.
Na versĂŁo alemĂŁ, hĂĄ uma diferença na cena do jogo “Quem sou eu?” que acontece na taverna. Na versĂŁo mais longa, a partida começa um pouco antes, com Bridget von Hammersmark (Diane Kruger) jĂĄ jogando com alguns soldados. A cena Ă© concluĂda com a chegada do sargento Hugo Stiglitz (Til Schweiger).
Por fim, na versĂŁo italiana, o diĂĄlogo em italiano entre os protagonistas no cinema foi adaptado para o dialeto siciliano, em vez do italiano padrĂŁo, com os personagens sendo explicitamente descritos como sicilianos. Houve tambĂ©m ajustes na forma como os Bastardos se apresentam, e o coronel Landa fala a lĂngua corretamente, ao contrĂĄrio do italiano falho da versĂŁo em inglĂȘs. Ele menciona ter estado na SicĂlia, como Aldo havia feito anteriormente.
AlĂ©m disso, Landa pergunta a Aldo/Ezio sobre a pronĂșncia do sobrenome, questionando se ele Ă© originĂĄrio de Palermo. Na versĂŁo italiana, ao invĂ©s de agradecer com “Grazie”, Aldo/Ezio responde com a exclamação siciliana “Mizzica!”.
6 – INSPIRADO EM UMA OPERAĂĂO REAL
Embora o filme seja uma obra de ficção, ele foi parcialmente inspirado na “Operação Greenup”, uma missĂŁo real do “EscritĂłrio de Serviços EstratĂ©gicos” (OSS), a agĂȘncia de inteligĂȘncia dos EUA. Em fevereiro de 1945, os agentes Frederick Mayer, Hans Wijnberg e Franz Weber, foram lançados de paraquedas na Ăustria. Durante vĂĄrios meses, Mayer obteve informaçÔes sobre a Fortaleza Alpina dos alemĂŁes, disfarçando-se de oficial nazista e eletricista francĂȘs.
Mayer foi traĂdo por um comerciante do mercado negro, capturado e torturado pela Gestapo, mas se manteve firme e nĂŁo entregou os outros agentes. Contudo, o general Franz Hofer, comandante das forças nazistas no oeste da Ăustria, jĂĄ ciente da derrota iminente, buscava uma forma de se render aos Aliados, em vez de ao ExĂ©rcito Vermelho. Mayer ajudou a negociar a rendição das forças austrĂacas da Alemanha.
7 – LILIAN HARVEY
Quando Francesca (Julie Dreyfus) menciona a ex-atriz Lilian Harvey, Joseph Goebbels (Sylvester Groth) tem uma reação explosiva e ordena que seu nome nunca seja pronunciado na sua presença. Harvey precisou fugir da Alemanha nazista em 1939 apĂłs ajudar o coreĂłgrafo judeu Jens Keith a escapar para a SuĂça.
8 – PROJETO “MUSAK”
A personagem Bridget von Hammersmark, estrela do cinema alemão e agente dupla, foi parcialmente inspirada em Marlene Dietrich. Embora Dietrich nunca tenha atuado como espiã no exterior, ela colaborou com o Escritório de Serviços Estratégicos durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1944, ela participou do projeto “Musak”, uma sĂ©rie de transmissĂ”es de propaganda musical destinadas a desmoralizar os soldados inimigos. Dietrich gravou vĂĄrias mĂșsicas em alemĂŁo, incluindo “Lili Marlene”, e fez gravaçÔes relatando vitĂłrias e derrotas alemĂŁs. Por sua contribuição, ela foi agraciada com a “Medalha Americana da Liberdade”.
9 – O TĂTULO ORIGINAL TEM UM ERRO DE ORTOGRAFIA PROPOSITAL
O tĂtulo original do filme, “Inglourious Basterds”, Ă© uma referĂȘncia ao gĂȘnero de filmes de guerra e aos herĂłis desajustados. A palavra “inglourious” foi escolhida intencionalmente, com um erro ortogrĂĄfico proposital, o que remete Ă ideia de que os personagens sĂŁo fora da norma, anti-herĂłis, sem glĂłria tradicional.
Quentin Tarantino, diretor e roteirista, buscou criar uma narrativa em que os vilĂ”es da histĂłria, os nazistas, seriam desafiados por um grupo de soldados americanos dispostos a lutar com mĂ©todos cruĂ©is e imprevisĂveis. A escolha do tĂtulo tambĂ©m reflete a mistura de histĂłria e ficção de Tarantino.
10 – INFLUĂNCIA DA CLĂSSICA “TRILOGIA DOS DĂLARES”
“Bastardos InglĂłrios” faz uma clara homenagem aos filmes de “spaghetti western” (“faroeste de espaguete” em tradução livre), um subgĂȘnero popular nas dĂ©cadas de 1960 e 1970, famoso por diretores como Sergio Leone. A influĂȘncia de Leone Ă© visĂvel no estilo visual, nas mĂșsicas de Ennio Morricone e nos diĂĄlogos rĂĄpidos e tensos.
Tarantino sempre foi fĂŁ desses filmes, e o trabalho de Leone, especialmente a trilogia “DĂłlares” â composto pelos filmes: “Por um Punhado de DĂłlares” (1964), “Por uns DĂłlares a Mais” (1965) e “TrĂȘs Homens em Conflito” (1966) â foi fundamental para o desenvolvimento do estilo Ășnico de Tarantino. A tensĂŁo no uso de silĂȘncio e a forma como os personagens sĂŁo apresentados remetem diretamente a esse tipo de cinema.
11 – BASEADO EM UM FILME DOS ANOS 70
O filme “Bastardos InglĂłrios” compartilha nome com o filme italiano de 1978 dirigido por Enzo G. Castellari. Embora Tarantino tenha se inspirado nesse filme para criar sua versĂŁo moderna, as histĂłrias sĂŁo bem diferentes.
O filme original Ă© uma histĂłria de vingança durante a Segunda Guerra Mundial, com um grupo de soldados americanos atrĂĄs de nazistas. Tarantino, porĂ©m, transformou a ideia em uma reinterpretação mais estilizada e exagerada da histĂłria, com seus prĂłprios toques de violĂȘncia e humor negro.
A homenagem ao filme de 1978 pode ser vista tanto no nome quanto em alguns elementos visuais e na temĂĄtica da guerra.
12 – QUENTIN TARANTINO DISTORCENDO A HISTĂRIA ORIGINAL
A cena final de “Bastardos InglĂłrios”, onde o grupo de soldados americanos coloca fogo no cinema e massacra os nazistas, Ă© uma reinterpretação histĂłrica. No filme, Tarantino mistura ficção e realidade ao criar uma versĂŁo fantasiosa dos acontecimentos.
A escolha de dar um final alternativo, onde Hitler Ă© morto de forma violenta e espetacular, Ă© um exemplo clĂĄssico da abordagem de Tarantino de distorcer a histĂłria para criar uma narrativa mais divertida e catĂĄrtica. O uso de humor e exagero em um evento histĂłrico sĂ©rio faz com que o filme se afaste da realidade, tornando-se uma experiĂȘncia mais lĂșdica.
O diretor tambĂ©m fez isso no filme “Era uma Vez em… Hollywood”, quando altera a histĂłria de Sharon Tate, retratando-a de maneira otimista e alegre, longe da trĂĄgica morte real, dando-lhe um final feliz e redentor.
CONCLUSĂO
“Bastardos InglĂłrios” se consolidou como uma das obras mais icĂŽnicas de Quentin Tarantino, unindo sua marca registrada de diĂĄlogos afiados, ação explosiva e uma visĂŁo Ășnica da histĂłria. O filme, alĂ©m de seu enredo envolvente, desperta diversas reflexĂ”es sobre o poder da vingança, a manipulação da histĂłria e a resistĂȘncia humana.
Com atuaçÔes brilhantes, principalmente de Brad Pitt, Christoph Waltz e MĂ©lanie Laurent, a produção se destaca pela sua originalidade e ousadia, especialmente ao reimaginar eventos histĂłricos de forma irreverente. Tarantino consegue transformar a Segunda Guerra Mundial em um palco para suas ideias e, ao mesmo tempo, oferece uma experiĂȘncia cinematogrĂĄfica repleta de emoção e tensĂŁo.
O sucesso de “Bastardos InglĂłrios” nĂŁo Ă© apenas resultado de suas qualidades tĂ©cnicas, mas tambĂ©m da maneira Ășnica como faz o pĂșblico refletir sobre os limites da justiça e da moralidade. Definitivamente, Ă© um filme que permanece relevante, gerando debates e mantendo seu status de clĂĄssico moderno.