🎬 10 curiosidades incrĂ­veis sobre a franquia “O Poderoso ChefĂŁo” que vocĂȘ (provavelmente) nĂŁo sabia!

Considerada uma das maiores obras-primas do cinema, a trilogia “O Poderoso ChefĂŁo” transcendeu seu status de filme para se tornar um fenĂŽmeno cultural. Baseada no romance de Mario Puzo, e dirigida pelo lendĂĄrio cineasta Francis Ford Coppola, a saga mergulha no mundo da mĂĄfia italiana, explorando com profundidade temas como poder, lealdade, famĂ­lia e traição.

Lançada entre 1972 e 1990, a trilogia revolucionou Hollywood, elevando os padrĂ”es de narrativa e performance, com atuaçÔes icĂŽnicas de Marlon Brando, Al Pacino e Diane Keaton. Por trĂĄs das cĂąmeras, a produção enfrentou inĂșmeros desafios, desde disputas de elenco atĂ© pressĂŁo dos estĂșdios, mas cada obstĂĄculo contribuiu para criar filmes memorĂĄveis.

Esta trilogia é repleta de histórias fascinantes que mostram por que continua a influenciar geraçÔes de cineastas e cinéfilos ao redor do mundo.

1 – AMEAÇAS E TIROS NO CARRO

No inĂ­cio, o crime organizado era contra a produção do filme. Um dos lĂ­deres mafiosos, Joe Colombo, chegou a telefonar pessoalmente para ameaçar o produtor Robert Evans e sua famĂ­lia. Naquele perĂ­odo, Evans ocupava o cargo de vice-presidente do estĂșdio Paramount.

De acordo com Bettye McCartt, assistente do produtor Albert S. Ruddy, a polĂ­cia alertou Ruddy sobre o fato de que membros de organizaçÔes criminosas estavam seguindo seu carro. Para confundir os perseguidores, Evans frequentemente trocava de veĂ­culo com sua assistente. Certa noite, McCartt encontrou o carro com os vidros perfurados por balas e uma mensagem assustadora: “Interrompa as filmagens ou irĂĄ se arrepender”.

ApĂłs isso, Albert S. Ruddy conseguiu marcar uma reuniĂŁo com Colombo, na qual prometeu nĂŁo incluir os termos “mĂĄfia” e “Cosa nostra” – nomes associados Ă  famosa organização criminosa italiana – no filme. Ele tambĂ©m concordou que a organização analisasse o roteiro e sugerisse alteraçÔes. AlĂ©m disso, ficou decidido que integrantes do crime organizado seriam contratados como figurantes e atuariam como consultores do projeto.

2 – MARLON BRANDO FOI AMEAÇADO POR UM INTEGRANTE DE MÁFIA, MAS ACHOU QUE ERA TUDO CENA

Durante as gravaçÔes, o ator Gianni Russo chegou a ameaçar tirar a vida de Marlon Brando. O conflito ocorreu quando Brando confrontou o diretor Francis Ford Coppola, na presença de Russo, questionando por que ele havia sido escalado para o papel. Brando insinuou que Gianni era um ator ruim e sugeriu sua demissão.

Em resposta, Russo chamou Brando de lado e declarou: “Se vocĂȘ falar comigo assim novamente ou tentar me tirar deste trabalho, eu vou acabar com vocĂȘ e arrancar seu coração”. Brando ficou surpreso por um momento, mas reagiu com entusiasmo: “Isso foi incrĂ­vel!”

O astro acreditava que Russo estava apenas interpretando uma cena, sem saber que ele era um ex-integrante da måfia e estava falando sério. Anos mais tarde, o próprio Gianni revelou os detalhes desse confronto. No filme, Russo deu vida ao genro de Don Vito Corleone.

3 – A CABEÇA REAL DE UM CAVALO

Uma das cenas mais icĂŽnicas de “O Poderoso ChefĂŁo” envolve uma cabeça de cavalo colocada em uma cama. No filme, o personagem Jack Woltz, um magnata de um estĂșdio de cinema vivido pelo ator John Marley, rejeita o pedido da famĂ­lia Corleone para incluir o cantor e ator Johnny Fontane em um projeto. ApĂłs a recusa, ele desperta na manhĂŁ seguinte com a cabeça de um cavalo em sua cama, como uma ameaça clara da mĂĄfia.

O diretor Francis Ford Coppola inicialmente não se interessou por essa cena ao ler o livro de Mario Puzo, mas reconheceu que ela tinha um peso simbólico muito forte para ser deixada de fora. A filmagem utilizou uma cabeça real de cavalo, obtida em uma fåbrica que produz alimentos para animais de estimação. O ator John Marley não foi avisado previamente sobre a escolha de Coppola, e sua reação de horror na cena foi genuína.

No lançamento do filme, grupos defensores dos direitos dos animais criticaram a cena. Em resposta, Coppola deu uma declaração bem impactante: “Todos os amantes de animais e cachorros se preocupam com o cavalo. O que eles nĂŁo sabem Ă© que conseguimos a cabeça de uma fĂĄbrica de comida para cĂŁes. Eles matam 200 cavalos por dia para alimentar os cachorrinhos”.

4 – MARLON BRANDO DEFENDEU COPPOLA PARA QUE DIRETOR NÃO FOSSE DEMITIDO

Os executivos da Paramount cogitaram demitir Francis Ford Coppola devido Ă  insatisfação com vĂĄrias decisĂ”es do diretor, especialmente a escolha de Al Pacino para o elenco. AlĂ©m disso, o estĂșdio se opunha Ă s filmagens em Nova York, que elevaram os custos da produção. A intenção inicial era criar um filme mais econĂŽmico e atualizado, ao invĂ©s de ambientĂĄ-lo nas dĂ©cadas de 1940 e 1950. Coppola tambĂ©m rejeitou o roteiro original de Mario Puzo, o que gerou mais tensĂŁo. No entanto, quando Marlon Brando ameaçou abandonar o projeto caso o diretor fosse demitido, a Paramount reconsiderou e decidiu mantĂȘ-lo.

Outro ponto de conflito foi a ausĂȘncia de cenas mais movimentadas no filme. Robert Evans, o chefe de produção, chegou a considerar contratar um diretor de filmes de ação para finalizar as gravaçÔes. Para evitar ser substituĂ­do, Coppola, com a ajuda de seu filho Giancarlo, concebeu a sequĂȘncia da intensa discussĂŁo entre Connie e Carlo. Connie, filha de Don Vito Corleone, foi interpretada por Talia Shire, irmĂŁ do diretor, enquanto Carlo Rizzi foi vivido por Gianni Russo.

5 – UM TAPA DE VERDADE DEVIDO A UM RANÇO

Marlon Brando pressionou os produtores a demitir Al Martino, alegando que o ator era muito fraco para o papel. Martino teve dificuldades em transmitir emoção nas gravaçÔes, o que obrigou a equipe a reescrever vårias de suas cenas. Como solução, muitas delas foram filmadas sem que o rosto do ator aparecesse.

Martino interpretou o afilhado de Don Vito Corleone. Em uma das cenas, durante o casamento da filha de Vito, o personagem leva um tapa na cara, dado pelo prĂłprio Corleone. Curiosamente, esse tapa nĂŁo estava no roteiro e foi improvisado por Brando no momento da filmagem!

6 – COPPOLA DEFENDIA SEUS ATORES

Os bastidores de “O Poderoso ChefĂŁo” eram marcados por frequentes discussĂ”es acaloradas entre Francis Ford Coppola e o diretor de fotografia, Gordon Willis. Essas brigas, muitas vezes aos gritos, chegavam ao ponto de objetos serem quebrados no set. Em uma ocasiĂŁo, o barulho foi tĂŁo alto que a equipe acreditou que Coppola havia disparado um tiro, mas, na verdade, ele tinha “apenas” arrebentado uma porta.

Um dos principais motivos para os conflitos era o estilo rígido de Willis, que exigia que os atores permanecessem exatamente nos locais marcados no chão para não comprometer a iluminação. Coppola, por outro lado, frequentemente defendia os artistas, priorizando sua liberdade de atuação em detrimento das demandas técnicas.

7 – O ROTEIRO DO SEGUNDO FILME

O roteiro de “O Poderoso ChefĂŁo – Parte II” começou a ser desenvolvido enquanto o primeiro filme ainda estava em fase de edição. Francis Ford Coppola e Mario Puzo iniciaram o trabalho na sequĂȘncia antes mesmo do lançamento do original, garantindo uma transição fluida e coesa na continuação da histĂłria.

8 – ROBERT DENIRO APRENDEU A FALAR SICILIANO PARA O SEGUNDO FILME

Robert De Niro dedicou meses ao estudo do siciliano para interpretar o jovem Vito Corleone em “O Poderoso ChefĂŁo – Parte II”. Determinado a trazer autenticidade ao personagem, o ator mergulhou no dialeto siciliano da Ă©poca retratada no longa, garantindo que sua performance capturasse os detalhes linguĂ­sticos com precisĂŁo.

9 – O TERCEIRO FILME FOI RELANÇADO COM ALGUMAS MUDANÇAS

O terceiro filme foi relançado remasterizado em 4K, e o diretor Francis Ford Coppola aproveitou a oportunidade para renomear o filme e remontar o desfecho da saga de mĂĄfia mais famosa do cinema americano. O subtĂ­tulo revisado, “Desfecho: A Morte de Michael Corleone” carrega uma sutil ironia em sua escolha.

A principal diferença do filme lançado no cinema e da versĂŁo remasterizada estĂĄ na abertura, que agora dĂĄ mais ĂȘnfase ao legado que Michael deseja deixar para seus filhos, em vez de explorar o passado.

Coppola opta por eliminar a sequĂȘncia com a casa no Lago Tahoe, que fazia referĂȘncia ao assassinato de Fredo no segundo filme, e tambĂ©m remove a cena da cerimĂŽnia na catedral de St. Patrick, onde a Igreja homenageia Don Corleone por seus gestos filantrĂłpicos.

Com isso, o peso da culpa, da penitĂȘncia e da remissĂŁo pelo catolicismo fica menos evidente, jĂĄ que a memĂłria de Fredo, antes entrelaçada com a liturgia na catedral, nĂŁo aparece no inĂ­cio. No entanto, esses temas ainda sĂŁo abordados e culminam na cena de confissĂŁo no Vaticano.

10 – MUDANDO O FINAL DO TERCEIRO FILME

Francis Coppola e Mario Puzo inicialmente queriam que o terceiro filme da trilogia se chamasse “A Morte de Michael Corleone” na Ă©poca, mas a Paramount rejeitou essa ideia. O desfecho irĂŽnico Ă© que, embora o filme remasterizado agora tenha esse subtĂ­tulo, Coppola mudou o final, e o protagonista da saga nĂŁo morre mais.

A despedida de Michael, com laranjas e cães aos seus pés, vai até o momento em que ele coloca seus óculos escuros, um gesto recorrente ao longo do filme, simbolizando um afastamento gradual de sua vigilùncia implacåvel sobre a vida da família.

A morte do Michael idoso fica em aberto, e suas memórias também são diminuídas: os flashbacks das danças com Apollonia e Kay, presentes nos dois primeiros filmes, são removidos, ficando apenas o flashback da dança com Mary no apartamento de Nova York, que abre o filme.

Essa escolha visa encerrar Parte 3 de maneira mais autossuficiente, focada no luto pela morte de Mary, tal como a decisão de omitir a lembrança de Fredo no início da produção.

CONCLUSÃO

A trilogia “O Poderoso ChefĂŁo” nĂŁo Ă© apenas um marco do cinema, mas tambĂ©m um reflexo profundo das complexas dinĂąmicas familiares, poder e lealdade. Com uma direção impecĂĄvel de Francis Ford Coppola e atuaçÔes lendĂĄrias, especialmente de Marlon Brando e Al Pacino, a saga se tornou um Ă­cone cultural que continua a influenciar cineastas e espectadores ao redor do mundo.

A complexidade de seus personagens e a maneira como a trama aborda temas como corrupção, vingança e redenção são elementos atemporais que continuam a ressoar. Além disso, a trilogia se destaca por seu impacto na linguagem cinematogråfica, com cenas memoråveis e uma trilha sonora inconfundível de Nino Rota.

Mesmo apĂłs dĂ©cadas do seu lançamento, “O Poderoso ChefĂŁo” permanece como uma das obras mais reverenciadas da histĂłria do cinema, consolidando-se como uma verdadeira obra-prima que transcende geraçÔes e continua a ser descoberta por novos pĂșblicos.

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