“Chamas da Vingança” (2004) é um thriller psicológico que, embora não tenha sido um grande sucesso de bilheteira, conquistou uma base de fãs leal ao longo dos anos, especialmente por sua trama envolvente e atuações de destaque.
Dirigido por Tony Scott e estrelado por Denzel Washington e Dakota Fanning, o filme conta a história de John Creasy, um ex-agente da CIA, que agora em emprego e bebendo mais do que deveria, aceita a proposta de proteger a pequena Pita, uma garota de nove anos, filha de um industrial. O sequestro de Pita faz com que ele, mesmo ferido, parta para resgatá-la a qualquer custo.
Além de sua narrativa intensa, “Chamas da Vingança” se destaca por sua cinematografia única e pelo uso eficaz de trilha sonora para criar atmosferas densas.
Neste artigo, exploraremos algumas curiosidades sobre a produção do filme, detalhes dos bastidores e o impacto cultural que ele teve após seu lançamento.
1 – MARLON BRANDO QUASE INTERPRETOU JOHN CREASY
Tony Scott tinha a intenção de dirigir a primeira versão do filme, intitulada “Um Homem em Fogo”, mas os produtores acreditaram que ele não tinha experiência suficiente para o projeto.
Naquela época, Scott estava envolvido com “Fome de Viver”, que viria a ser um de seus trabalhos mais reconhecidos, provando o quão errados estavam os produtores.
Quando ainda estava à frente da direção, Scott desejava Marlon Brando ou Robert Duvall para o papel principal.
2 – DENZEL WASHINGTON JÁ HAVIA TRABALHADO COM O DIRETOR TONY SCOTT
Denzel Washington foi escolhido para o filme após um encontro casual com o diretor Tony Scott em uma sala de espera de consultório médico. Os dois não se viam pessoalmente desde que trabalharam juntos em “Maré Vermelha” (1995).
Na noite anterior, Scott havia assistido a “Uma Lição de Amor” (2001), onde viu Dakota Fanning, o que o fez considerar a ideia de escalar os dois para o projeto.
3 – IMPROVISO
Vários diálogos do filme foram criados de forma improvisada. Washington e Fanning tinham uma excelente química durante as filmagens, e o diretor os incentivou a explorar suas falas para intensificar a conexão entre seus personagens.
4 – DENZEL WASHINGTON QUASE NÃO USOU DUBLÊS
Denzel Washington fez a maioria de suas próprias cenas de ação. O diretor Tony Scott destacou o empenho de Washington em adicionar autenticidade ao personagem.
5 – O FILME SE PASSARIA NA ITÁLIA
A 20th Century Fox inicialmente queria que o filme se passasse na Itália, e um dos primeiros rascunhos do roteiro o ambientava em Nápoles. No entanto, Tony Scott argumentou que, se o cenário fosse a Itália, a história teria que se passar em outra época, já que, nos anos 2000, os sequestros eram eventos raros no país.
Como resultado, a Cidade do México foi escolhida como o novo cenário, principalmente devido ao alto índice de sequestros na cidade. Isso levou a mudanças nos nomes dos personagens: a personagem Rika Balletto foi renomeada para Lisa Martin Ramos, Pita Balletto tornou-se Lupita “Pita” Ramos, e Ettore Balletto passou a se chamar Samuel Ramos.
6 – O CACHORRO SAM
O cachorro de Pita é chamado Sam, em homenagem ao nome de seu pai, Samuel, além de ser uma referência ao filme original de 1987. Na trama de “Um Homem em Fogo” (1987), que se passa na Itália, a garota que John Creasy deve proteger se chama Samantha “Sam” Balletto.
Coincidentemente, Dakota Fanning, que foi escalada para o filme de Scott após sua atuação em “Uma Lição de Amor” (2001), fez parte de uma produção cujo título original é “I Am Sam”.
7 – ATOR QUE FAZ O PAI DE PITA REALMENTE É UM CANTOR DE SUCESSO NA VIDA REAL
Marc Anthony, que interpreta o pai de Pita no filme, é um cantor de grande sucesso e premiado, mas, de maneira interessante, ele não participou da trilha sonora do longa.
8 – RELÓGIO DE LUXO
No filme, Creasy utiliza um relógio MTM Black Hawk, um modelo de luxo renomado por sua resistência e durabilidade, características que combinam perfeitamente com o perfil do personagem.
9 – INSPIRAÇÃO DO FILME BRASILEIRO “CIDADE DE DEUS”
Tony Scott escalou o ator Charles Paraventi (ator e dublador norte-americano naturalizado brasileiro) após vê-lo em “Cidade de Deus”. O mesmo aconteceu com Gero Camilo. Além disso, o diretor de fotografia do filme utilizou uma paleta de cores semelhante à do filme brasileiro em várias cenas.
A sequência do sequestro, com a câmera girando em torno de Denzel Washington, foi inspirada na famosa cena de “Cidade de Deus”. Também há várias cenas em favelas no México, que remetem visualmente às favelas do Rio de Janeiro.
10 – TRILHA SONORA INSPIRADA EM “GLADIADOR”
A cena final, com a trilha sonora destacando a morte lenta de Creasy dentro do carro, faz uma referência à morte de Maximus (Russell Crowe) em “Gladiador”. A música de Harry Gregson-Williams quase emula o tema utilizado na cena de “Gladiador”, cuja trilha foi composta por Lisa Gerrard e Hans Zimmer.
Harry Gregson-Williams e Hans Zimmer colaboraram em diversas ocasiões. Não por acaso, os diretores dos filmes são irmãos, e ambos os compositores trabalharam frequentemente com eles em diversos projetos.
11 – OS SEQUESTRADORES FORAM BASEADOS EM PESSOAS REAIS
Os primeiros nomes dos sequestradores no filme, Daniel e seu irmão Aurelio, foram inspirados nos nomes reais dos criminosos que aterrorizavam a Cidade do México no final dos anos 90: Daniel e Aurelio Arizmendi López.
Daniel, em uma entrevista, afirmou que sequestrar era como uma droga, destacando a natureza viciante de seus crimes.
12 – NA PRIMEIRA VERSÃO PARA O CINEMA, PITA MORRE E CREASEY SOBREVIVE
Enquanto no filme “Um Homem em Fogo”, Pita sobrevive ao sequestro e Creasy morre no final, no romance original, Pita é morto pelos sequestradores e Creasy sobrevive.
O autor A.J. Quinnell escreveu mais quatro romances com o personagem Creasy e estava trabalhando no sexto livro da série quando faleceu em 2005, aos 65 anos.
CONCLUSÃO
“Chamas da Vingança” é um filme que, além de oferecer uma narrativa envolvente, também destaca o poder das emoções humanas em momentos de extrema adversidade. A história de vigilância e vingança, aliada ao elemento psicológico, mantém o espectador imerso, enquanto a atuação de Denzel Washington adiciona uma profundidade única à trama.
O filme também pode ser visto como uma reflexão sobre o impacto das escolhas individuais, do medo e da justiça em tempos de crise. A crítica à corrupção e à falta de ética dentro do sistema jurídico ressoa, fazendo com que a trama seja mais do que apenas uma busca por vingança, mas uma busca por verdade e redenção.
A produção se torna, assim, uma peça-chave do gênero thriller, combinando ação com complexidade moral, o que faz de “Chamas da Vingança” uma obra memorável que continua a impactar o público até hoje.
