đ„ 10 curiosidades incrĂveis sobre o filme “O MĂĄgico de Oz” (1939) que vocĂȘ (provavelmente) nĂŁo sabia!

HĂĄ filmes que transcendem o tempo, marcando geraçÔes e deixando um legado cultural que perdura por dĂ©cadas. “O MĂĄgico de Oz”, lançado em 1939, Ă© um desses tesouros cinematogrĂĄficos que continua encantando pĂșblicos ao redor do mundo atĂ© os dias de hoje. Esta obra-prima do cinema nĂŁo apenas cativou espectadores com sua histĂłria emocionante e personagens memorĂĄveis, mas tambĂ©m se tornou um verdadeiro Ăcone da cultura popular, repleto de curiosidades fascinantes que revelam os bastidores e os segredos por trĂĄs da magia que se desenrola na tela.
Neste texto, exploraremos algumas dessas curiosidades, mergulhando nos bastidores deste clĂĄssico atemporal para descobrir os detalhes intrigantes que tornam “O MĂĄgico de Oz” uma experiĂȘncia verdadeiramente mĂĄgica.
1 – TROCANDO OS ATORES
No inĂcio da seleção de elenco, Ray Bolger recebeu o convite para interpretar o Homem de Lata, porĂ©m, devido Ă sua grande admiração por Fred Stone, o ator que desempenhou o papel de Espantalho na versĂŁo inicial do filme em 1902, Bolger insistiu em assumir esse papel e teve sucesso em sua solicitação! Esta troca levou Buddy Ebsen a assumir o papel do Homem de Lata, mas a maquiagem prateada utilizada continha pĂł de alumĂnio, desencadeando uma reação alĂ©rgica que o levou a ser hospitalizado Ă s pressas devido Ă inalação do pigmento, que atingiu seus pulmĂ”es. Como resultado, ele foi dispensado do filme e substituĂdo por Jack Haley. A situação deixou Buddy Ebsen profundamente constrangido.
2 – OS ANĂES NĂO ERAM INOCENTES
Mais de trezentos e cinquenta indivĂduos de estatura reduzida foram contratados para retratar os habitantes de Munchkinland. Eles recebiam um salĂĄrio semanal de apenas cinquenta dĂłlares, enquanto o cachorrinho TotĂł, para o mesmo perĂodo, recebia cento e vinte e cinco dĂłlares.
Durante o filme, Ă© possĂvel identificar apenas duas vozes dos anĂ”es, pois muitos nĂŁo tinham habilidades vocais para cantar ou nĂŁo dominavam o inglĂȘs com fluĂȘncia. Portanto, os diĂĄlogos dos munchkins foram dublados por profissionais da mĂșsica. A exceção foi feita para aqueles que entregaram um buquĂȘ de flores a Dorothy, que nĂŁo precisaram de dublagem.
3 – JUDY GARLAND SOFREU BASTANTE NOS BASTIDORES
Judy Garland nĂŁo foi a primeira escolha da MGM para o papel de Dorothy, uma vez que o livro de L. Frank Baum especificava que a personagem tinha apenas dez anos de idade. Por essa razĂŁo, a produtora considerou inicialmente escalĂĄ-la com Shirley Temple, uma proeminente estrela mirim da Ă©poca, que guardava semelhanças com a MaĂsa Silva quando criança. No entanto, o cachĂȘ de Temple era elevado e ela nĂŁo possuĂa habilidades vocais. Deanna Durbin tambĂ©m foi cogitada, mas como era contratada de um estĂșdio concorrente, a Universal, o papel acabou sendo concedido a Judy.
Em seu livro de memĂłrias, “Judy and I: My Life With Judy Garland”, lançado somente em 2017, Sidney Luft, que foi casado com a atriz de 1952 a 1965, relatou que ela teria enfrentado abusos por parte dos atores que interpretavam os munchkins. Segundo o relato, “eles acreditavam que poderiam escapar de qualquer acusação, aproveitando-se do fato de serem pequenos. Tornaram a vida de Judy um inferno no set, chegando a colocar as mĂŁos sob seu vestido. Muitos desses homens tinham quarenta anos ou mais”.
4 – AS BRUXAS
Gale Sondergaard foi inicialmente escolhida para interpretar a Bruxa MĂĄ do Oeste, mas declinou do papel devido Ă preocupação em nĂŁo querer representar um papel de vilĂŁ com uma aparĂȘncia desagradĂĄvel no filme. Foi entĂŁo que Margaret Hamilton foi selecionada para o papel. Quando Hamilton entrou em contato com seu agente para saber qual papel estava sendo considerado para ela, a resposta foi direta: “O da bruxa, Ă© claro”.
Curiosamente, apesar de sua representação sugerir uma idade avançada, Margaret Hamilton tinha apenas 36 anos na época das filmagens. Por outro lado, Billie Burke, que interpretou Glinda, a Bruxa Boa do Leste, era uma mulher bonita e jovem, mas tinha 54 anos, uma raridade para mulheres de sua idade na Hollywood de 1939.
5 – ACIDENTES NAS FILMAGENS
Além do incidente com o primeiro ator que interpretou o Homem de Lata, Jack Haley também enfrentou dificuldades devido à tinta usada para caracterizar o personagem: ele quase perdeu a visão e precisou ser hospitalizado por quatro dias devido a uma reação ao pigmento.
Margaret Hamilton teve que se afastar das gravaçÔes por mais de um mĂȘs depois de sofrer queimaduras durante a cena em que sua personagem desaparece da terra dos munchkins. A maquiagem aquecida causou queimaduras em suas mĂŁos e rosto, sendo posteriormente descoberto que um dos componentes da maquiagem era cobre, que superaqueceu. A dublĂȘ tambĂ©m sofreu queimaduras durante as filmagens.
Durante a gravação de uma cena movimentada, um dos guardas da Bruxa MĂĄ acabou pisando na patinha do cachorrinho TotĂł, que acabou se quebrando. Como nĂŁo havia um dublĂȘ disponĂvel, como Ă© comum hoje em dia, as filmagens tiveram que ser interrompidas.
6 – DIFERENĂAS DO LIVRO
No livro “O MĂĄgico de Oz” (The Wonderful Wizard of Oz), publicado em 1900, a estrada de tijolos era descrita como sendo verde, porĂ©m, a decisĂŁo de tornĂĄ-la amarela veio apĂłs um consenso de que essa nova coloração seria mais adequada para um filme produzido com a tecnologia Technicolor. Os sapatinhos de Dorothy tambĂ©m apresentavam uma diferença de cor: originalmente, no livro, eles eram prateados, mas foram transformados nos icĂŽnicos sapatos vermelhos de rubi para o filme.
No livro, a Bruxa MĂĄ do Oeste era descrita como tendo apenas um olho, enquanto que no filme ela foi representada com ambos os olhos.
7 – FIGURINOS DERAM MUITO TRABALHO
Dorothy tinha apenas 10 anos de idade no livro, o que levou Judy Garland a usar um espartilho extremamente apertado, destinado a esconder os seios e quadris da atriz, entĂŁo com 16 anos. Dizem que essa experiĂȘncia se tornou traumĂĄtica para Garland, desencadeando uma sĂ©rie de distĂșrbios relacionados Ă sua imagem corporal ao longo dos anos. No final de sua vida, ela lutou contra o vĂcio em medicamentos para emagrecer, enfrentou dificuldades financeiras, tentou o suicĂdio vĂĄrias vezes e acabou morrendo de overdose em 1969, aos 47 anos.
O traje do LeĂŁo Covarde, interpretado por Bert Lahr, pesava mais de 45 quilos, era confeccionado com partes de pele de leĂŁo real e era extremamente quente. Devido Ă s exigĂȘncias da tecnologia Technicolor, os sets de filmagem alcançavam temperaturas de atĂ© 40°C. Nessas condiçÔes, o ator suava profusamente durante as filmagens, ficando completamente encharcado no final do dia. Duas pessoas eram encarregadas de lavar a seco o traje durante toda a noite para que estivesse pronto para o uso no dia seguinte, mas mesmo assim, o odor resultante era bastante desagradĂĄvel.
A prĂłtese usada pelo LeĂŁo impedia que ele consumisse alimentos sĂłlidos, pois era feita em parte com papel marrom, o que poderia se desintegrar. Consequentemente, ele sĂł podia se alimentar de lĂquidos, como sopas e milk-shakes, durante a maior parte das filmagens.
A maquiagem do Espantalho era composta por uma prĂłtese de borracha que imitava tecido, deixando atĂ© mesmo as linhas no rosto do personagem visĂveis. Contudo, essa mĂĄscara deixava o rosto de Bolger marcado quando ele a retirava, levando mais de um ano para que as marcas desaparecessem completamente.
Os figurantes que interpretavam os macacos voadores alados eram suspensos por cordas de piano e também sofreram bastante. Eles eram bruscamente derrubados no chão conforme eram abatidos em cena.
8 – CENAS DELETADAS
Inicialmente, a intenção era retratar a Bruxa MĂĄ do Oeste como extremamente vilĂŁ, porĂ©m muitas das cenas acabaram sendo cortadas devido Ă sua extrema perturbação, tornando-se inadequadas para exibição ao pĂșblico. O resultado era simplesmente aterrorizante demais.
ApĂłs a estreia, os produtores do filme optaram por remover a mĂșsica “The Jitterbug”. Embora nĂŁo haja registros oficiais dessa canção, alguns fragmentos filmados por uma cĂąmera amadora confirmam sua existĂȘncia. Quem teve acesso a essas imagens afirma que a mĂșsica realmente destoava do restante do filme.
Curiosamente, a mĂșsica principal do filme, “Over The Rainbow”, esteve Ă beira de ser excluĂda, mas foi salva no Ășltimo momento pelo produtor Arthur Freed. Louis B. Mayer, outro produtor, nĂŁo apreciou a cena em que Dorothy canta em um curral, rodeada de galinhas e outros animais.
9 – OUTRAS ADAPTAĂĂES
O universo de “O MĂĄgico de Oz” vai muito alĂ©m do famoso filme, sendo apenas a adaptação da primeira obra da sĂ©rie Terra de Oz. Ao todo, sĂŁo 40 volumes, sendo que apenas os 14 primeiros sĂŁo da autoria de L. Frank Baum. Outras 19 obras foram escritas por Ruth Plumly Thompson, enquanto os 7 restantes foram produzidos por diversos autores. Essa coleção ficou conhecida como “Os Famosos Quarenta”.
Devido ao fato de que os textos caĂram em domĂnio pĂșblico, houve inĂșmeras adaptaçÔes e versĂ”es das histĂłrias, tornando praticamente impossĂvel catalogar com precisĂŁo o nĂșmero exato de obras derivadas de “O MĂĄgico de Oz”. AtĂ© mesmo o mestre do horror Stephen King criou sua prĂłpria versĂŁo, intitulada “Wizard and Glass”, lançada em 1997, que no Brasil recebeu o tĂtulo de “Mago e Vidro”. Este conto estĂĄ presente no quarto volume da sĂ©rie “A Torre Negra”.
Ă importante notar que o renomado espetĂĄculo da Broadway intitulado “Wicked” nĂŁo faz parte da coleção original, mas foi criado para explorar a histĂłria da origem da Bruxa MĂĄ do Oeste e dos demais personagens do universo de “O MĂĄgico de Oz”.
10 – MISTĂRIOS QUE NINGUĂM CONSEGUE EXPLICAR
Diz-se que a narrativa concebida por L. Frank Baum reflete suas próprias convicçÔes. O autor era afiliado à Sociedade Teosófica, uma organização dedicada à exploração de temas ocultos. Segundo essa teoria, a estrada de tijolos amarelos em espiral, as bruxas do leste e do oeste, assim como certas passagens do filme, estão imbuidas de simbolismo religioso.
Para alguns estudiosos, o MĂĄgico representaria uma metĂĄfora para Deus, transmitindo a ideia de que a divindade pela qual todos anseiam para realizar seus desejos Ă©, na verdade, uma ilusĂŁo. Os trĂȘs companheiros de Dorothy em sua jornada – o Espantalho, o Homem de Lata e o LeĂŁo Covarde – que buscam um cĂ©rebro, um coração e coragem, respectivamente, simbolizariam atributos que jĂĄ estariam intrinsecamente presentes em cada um deles, nĂŁo necessitando de uma entidade externa para concedĂȘ-los.
HĂĄ tambĂ©m outra lenda que sugere uma ligação entre o ĂĄlbum “The Dark Side of the Moon”, da banda Pink Floyd, e o filme. Supostamente, a sequĂȘncia de mĂșsicas do disco se encaixaria perfeitamente na narrativa da histĂłria, porĂ©m a banda nega qualquer relação intencional com o filme.
Em suma, “O MĂĄgico de Oz” continua a encantar e intrigar espectadores de todas as idades, dĂ©cadas apĂłs seu lançamento. Por trĂĄs da fachada colorida e mĂĄgica do filme, encontramos um rico tesouro de curiosidades e detalhes fascinantes que revelam os desafios enfrentados durante sua produção e as diversas interpretaçÔes que sua histĂłria tem suscitado ao longo dos anos. Desde os bastidores tumultuados atĂ© as teorias sobre seu significado mais profundo, cada aspecto desse clĂĄssico cinematogrĂĄfico parece conter uma nova camada de mistĂ©rio e maravilha. Assim, “O MĂĄgico de Oz” nĂŁo Ă© apenas uma obra-prima do entretenimento, mas uma fonte inesgotĂĄvel de inspiração e debate, continuando a cativar e a surpreender as geraçÔes atuais e futuras com seu poder duradouro de encantamento.